Como os AI Overviews estão mudando o SEO e por que isso importa
“O SEO morreu.” Essa frase ressurge a cada novo hype tecnológico, mas nunca com tanto alarde como agora. A chegada das inteligências artificiais e o surgimento dos AI Overviews – resumos gerados por IA no topo das páginas de resultados do Google – estão reformulando profundamente a lógica das buscas.
Em vez de cliques, temos respostas diretas. Em vez de tráfego, visibilidade. Para quem vive de performance e conversão, essa mudança parece ameaçadora. Mas será mesmo o fim do SEO como conhecemos?
Estamos diante de uma nova etapa da maturidade digital, em que a busca por informações se torna mais conversacional, contextual e menos dependente de cliques.
O estudo recente da Ahrefs sobre o impacto dos AI Overviews revela conclusões urgentes para quem depende do tráfego orgânico.
A ascensão do AI Overview do Google: o que é e por que importa?
Desde o final de 2023, o Google vem implementando os AI Overviews (AIOs). São resumos automáticos gerados por inteligência artificial que respondem diretamente à dúvida do usuário no topo da SERP, muitas vezes acima de anúncios pagos e resultados orgânicos.
O objetivo é melhorar a experiência do usuário entregando respostas rápidas e relevantes. Para quem cria conteúdo, é uma disrupção: o AIO reduz a necessidade de clicar em links – embora ainda valorize respostas provenientes de conteúdos bem estruturados e com autoridade.
Essa mudança cria um paradoxo: você pode ser fonte de informação, mas não receber a visita. Será que estamos prontos para esse novo jogo?

Uma radiografia das SERPs com AI Overview segundo o estudo da Ahrefs
Para entender os impactos reais dessa mudança, a Ahrefs analisou 300 mil palavras-chave – metade que exibem AI Overview e metade que não. A comparação revelou diferenças gritantes nas dinâmicas de tráfego, intenção das pesquisas, dificuldade de ranqueamento e composição das SERPs do Google.
Entre os dados mais impressionantes, estão:
- tráfego potencial 8x menor em AIOs comparado a buscas sem AIO;
- queda de 34,5% no CTR da primeira posição orgânica;
- 99,2% das palavras-chave com AI Overview têm intenção informacional;
- palavras-chave com AIO têm uma média de 4 palavras (vs. 2 nos termos sem AIO);
- a dificuldade média de ranqueamento (Keyword Difficulty) é de 12, contra 33 em pesquisas tradicionais; e
- 81% do tráfego de busca com AIO vem de dispositivos móveis.
Além disso, o estudo observou que cada SERP com AIO apresenta, em média, 3 outras funcionalidades adicionais, como Featured Snippets. Essas informações reforçam a ideia de que, hoje, ranquear é muito mais do que ocupar uma posição: é ganhar múltiplas vitrines na SERP.
Tráfego potencial 8x menor e palavras-chave menos competitivas
Um dos achados mais relevantes do estudo é o abismo entre o tráfego potencial de pesquisas com e sem AI Overview. Enquanto buscas tradicionais geram uma média de 18 mil visitas potenciais, as pesquisas com AIO mal chegam a 2,2 mil: uma diferença de 8 vezes a menos.
O recado aqui é claro: o jogo do SEO não está mais na conquista dos grandes volumes, mas na capacidade de capturar intenções claras com conteúdos úteis, rápidos e confiáveis.
Long-tails, informativas e com baixo CPC: as características das palavras-chave em AIOs do Google
Outro dado que salta aos olhos é o perfil das palavras que ativam os AI Overviews. Elas são, majoritariamente, informativas e long-tail (cauda longa), com um comprimento médio de quatro palavras.
São buscas mais específicas, geralmente com menor volume, mas maior clareza de intenção. Isso resulta também em menor concorrência: a dificuldade média para ranquear em palavras com AIO é de 12, contra 33 nas demais.
Não à toa, pesquisas como “como usar o ChatGPT para SEO” ou “efeitos colaterais do ozempic” são típicos gatilhos para AIOs no Google.
Essa tendência se conecta a outro fenômeno: o baixo custo por clique (CPC). Isso acontece porque, em sua maioria, essas palavras não têm intenção comercial direta. Ou seja, nada de buscas por produtos. São buscadas por curiosidade, aprendizado ou orientação. é justamente por isso que atraem menos anunciantes – e menos lances no Google Ads.
Mas não se engane: embora o tráfego e o CPC sejam menores, a visibilidade é altíssima. Ser citado como fonte em um AI Overview pode representar um salto em autoridade de marca e reconhecimento orgânico, especialmente quando o conteúdo está bem posicionado e bem estruturado.
Queda em CTR, menos cliques e mais visibilidade: o novo normal do SEO
Aqui está a novidade que mais assusta profissionais de Growth, Inbound e, principalmente, SEO: o estudo identificou uma queda média de 34,5% no CTR da primeira posição orgânica em resultados com AIO.
De acordo com dados revelados pelo analista Xibeijia Guan, da Ahrefs, o CTR médio para a primeira posição em pesquisas informacionais era de 0,056 em março de 2024, caindo para 0,031 em 2025. Para termos que passaram a exibir AI Overview, a queda foi ainda mais acentuada: de 0,073 para 0,026.

O motivo é claro: o AI Overview do Google resolve a consulta diretamente na página de resultados. Logo, essa tecnologia reduz a necessidade de interação com links tradicionais. Embora algumas fontes sejam citadas nos AIOs, é comum haver diversas referências simultâneas. Isso também tende a diluir a chance de qualquer site receber a maior parte dos cliques.
Na prática, esse cenário mostra que o modelo tradicional de "quanto mais visível, mais cliques" está sendo substituído por um novo paradigma: visibilidade sem garantias de visita. Para quem trabalha com SEO, entender essa dinâmica é essencial para ajustar expectativas e métricas de sucesso.
Autoridade agora também significa ser fonte de informação na inteligência artificial
Em meio à queda de cliques, surge uma nova métrica silenciosa, mas poderosa: ser citado como fonte dentro de um AI Overview. Os conteúdos que aparecem no topo da SERP ainda são os mais usados como base pela IA. 99,5% das fontes citadas no AIO pertencem a páginas ranqueadas no top 10.
A lógica aqui é simples: para que o link apareça na resposta gerada pela pesquisa na IA, ele precisa ser percebido como confiável, informativo e bem posicionado. Isso torna a autoridade de domínio, os backlinks qualificados e a clareza da informação ativos ainda mais valiosos.
Também é importante destacar que o comportamento de pesquisa dos usuários também está mudando. Em vez de fazer perguntas no Google, muitas pessoas já recorrem a ferramentas como ChatGPT, Gemini e Perplexity para sanar dúvidas e encontrar soluções.
Vale relembrar que, antes do hype da IA, também já se debatia como a Geração Z estava usando o TikTok como ferramenta de pesquisa em vez do Google.
E o que essa transformação no comportamento de pesquisa significa?
Estar bem posicionado na web transcende o buscador do Google. Sites com conteúdo confiável, estruturado e otimizado têm grandes chances de serem usados como fonte por essas inteligências artificiais, o que expande a visibilidade das marcas para novos canais de descoberta.
Mais do que uma nova forma de ranqueamento, o SEO moderno envolve construir presença e autoridade e influência em múltiplos ambientes. Envolve a visão do SEO como disciplina, e não apenas como canal, envolve construção de marca e um posicionamento sistêmico que beneficie o alcance entre buscadores, redes sociais e diversos outros pontos de contato com o público.
Mais que tráfego, a principal métrica do SEO segue sendo autoridade
Em um ambiente onde os cliques estão diminuindo e a visibilidade orgânica é fragmentada por respostas geradas por IA, uma coisa permanece inalterada: a autoridade é a verdadeira moeda do SEO.
Esse conceito não é novo. Desde os primeiros algoritmos do Google, a capacidade de demonstrar autoridade sempre foi fundamental para conquistar boas posições. Agora, desde a introdução do E-E-A-T (Experience, Expertise, Authoritativeness, Trustworthiness), a autoridade ganhou ainda mais peso.
Ser percebido como uma referência confiável por humanos e e tecnologia dos algoritmos é o que determina não apenas quais links aparecerão no topo da SERP, mas também quem será citado nos AI Overviews, quem será ranqueado nos Featured Snippets e quem ganhará relevância nas novas plataformas de busca baseadas em IA.
Mais do que nunca, construir autoridade através de conteúdo de qualidade, backlinks qualificados, presença consistente e reconhecimento de mercado é o que diferencia marcas que prosperam daquelas que desaparecem na era das buscas com inteligência artificial.
O impacto do IA Overview do Google nas estratégias de SEO
A presença dos AI Overviews nas buscas do Google, combinada com as mudanças recentes no comportamento do usuário, exige uma reformulação profunda nas estratégias de SEO. Se antes bastava focar em grandes volumes de busca e palavras-chave de alto CPC, agora o jogo é outro: a construção de autoridade, a transparência e a otimização para citações são prioridades.
Insights da pesquisa realizada pela TrustRadius mostram que 90% dos compradores B2B clicam em links de fontes citadas em resumos de IA para validar informações. Isso confirma que estar bem posicionado como fonte confiável é crucial – principalmente para negócios complexos e de ciclo de venda mais longo.
Com base nesse novo cenário diante dos AI Overviews, entendemos a necessidade de reforçar conceitos para se manter consistente nas buscas orgânicas.
- Otimizar conteúdos para perguntas específicas e intenções informacionais claras, priorizando clareza e profundidade, não volume;
- Estruturar conteúdos de forma amigável para IA, usando headings, listas, tabelas e FAQs bem definidos;
- Produzir conteúdos com alto controle de qualidade e com foco em autoridade, para maximizar as chances de serem indexados e citados pelas IAs;
- Focar na criação de conteúdos que respondam dúvidas avançadas e de decisão de compra, não apenas informações iniciais;
- Fortalecer a autoridade de marca e presença editorial em plataformas alternativas, visando reforçar o conceito de E-E-A-T e garantindo descoberta além das pesquisas no Google.
Dessa forma, o SEO se transforma – mais uma vez –, assumindo um papel mais estratégico, interligado ao branding, à criação de autoridade e ao suporte das jornadas de compra complexas mediadas por IA.
→ Leia também: O que faz uma agência de SEO?
O SEO não morreu, mas está mudando (de novo)
A frase "o SEO morreu" é repetida a cada grande transformação digital, mas nunca esteve mais longe da realidade. O que vivemos é a evolução de uma disciplina que sempre se adaptou às mudanças de tecnologia.
Com a ascensão das inteligências artificiais, dos AI Overviews e da busca generativa – Search Generative Experience, SGE –, o SEO está mudando de forma, mas sua essência permanece fundamental. Ainda se trata de gerar visibilidade, construir autoridade e influenciar decisões.
O foco exclusivo em cliques dá lugar à estratégia de visibilidade: ser encontrado, citado e lembrado, mesmo sem a visita imediata. Para prosperar, as marcas precisarão criar conteúdo profundo, relevante, estruturado para IA e alinhado aos princípios de E-E-A-T.
O SEO está mais vivo do que nunca, mas também exige cada vez mais maturidade para tomar decisões inteligentes. É sobre confiança, relevância e capacidade de se manter valioso em uma jornada cada vez mais fragmentada.
Quem entender essa mudança não apenas sobreviverá, mas liderará a próxima geração de sucesso no digital.
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